20/12/2007

Produtores de uva criam programa para projetar produção no Espírito Santo

O Estado do Espírito Santo possui um potencial significativo para o cultivo de frutas, inclusive de uvas para a produção de vinho. Várias microrregiões têm condições diferenciadas de clima e solo, que propiciam o cultivo de viníferas. Hoje, a fruticultura ocupa 85 mil hectares no Estado. Deste total, 20 hectares são dedicados à plantação de uva e a produtividade média anual é de 25 toneladas/hectare. Os dados são do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

Diante dessa potencialidade, os produtores de uva e vinho da região sudeste do Espírito Santo deram os primeiros passos para projetar a produção estadual. Em agosto de 2007, o Sebrae/ES, o Incaper, a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) e a Prefeitura Municipal de Santa Teresa (PMST) lançaram o Pólo de Uva de Mesa e Vinho no Estado do Espírito Santo.

O pólo será integrado por oito municípios: Santa Teresa, Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina, Domingos Martins, Marechal Floriano, Venda Nova do Imigrante, Conceição do Castelo e Alfredo Chaves. Desses, a cidade de Santa Teresa responde por 13 hectares, 65% da área vinícola estadual. Produz anualmente 450 toneladas de uva.

Cenário – Hoje, o Estado do Espírito Santo é caracterizado pela agricultura familiar de uvas e pela produção artesanal de vinhos, feitos majoritariamente com a uva Isabel Precoce – desenvolvida pela Embrapa Uva e Vinho. Com o pólo, os vitivinicultores esperam aumentar a produtividade e a renda média da atividade em 25% até 2009. Para isso, os parceiros investirão em três anos R$ 423 mil. Só em Santa Teresa, 120 pequenas propriedades e empreendimentos rurais serão beneficiados.

Além de viabilizar a produção de uvas em escala, os coordenadores do projeto querem potencializar e organizar ações de pesquisa e assistência técnica. Também está entre as metas o fortalecimento da agricultura familiar, do agroturismo, do enoturismo. Ainda promoverão a cultura do associativismo e cooperativismo, bem como o acesso à tecnologia e a capacitações técnicas e gerenciais.

O pesquisador e coordenador de Fruticultura da Incaper, Aureliano Nogueira da Costa, explica a contrapartida dos parceiros no projeto. “Os produtores receberam mudas da Seag e o Sebrae/ES viabiliza as capacitações em gestão de produção e outras ações de acesso a mercado. A prefeitura municipal disponibiliza assistência técnica e apoio logístico na execução das ações”.

Muitas dessas ações ainda não foram implementadas, uma vez que o projeto foi iniciado no segundo semestre de 2007. Os vitivinicultores estão apostando no turismo como importante aliado para o desenvolvimento do setor no Estado. “Estamos na fase inicial de execução do pólo, muito ainda tem que ser feito. No entanto, a produção de uvas e vinho aliado ao eno e agroturismo será muito importante para o desenvolvimento sustentável da nossa microrregião”, avalia Aureliano Nogueira.

Modelo – A propriedade do viticultor Devanir Ziviani, localizada no Vale do Tabocas, foi eleita, em 2004, como modelo pela Incaper e o Sebrae/ES. O reconhecimento, que tem sido renovado desde então, veio por causa da variedade de mudas de uvas que cultiva nas suas terras. “Eu multiplico material genético. Vendo os clones de mudas e portas-enxerto. Esse material é originário da Embrapa, que me repassou toda a tecnologia e validou minhas mudas”, afirma Ziviani.

Além disso, a indicação se deve também porque o produtor seguiu corretamente as normas técnicas para a implementação do viveiro de parreiras e por sua disposição em compartilhar com outros agricultores seus conhecimentos no manejo da produção de uvas. “Esse reconhecimento não tem nada a ver com o volume de produção de uva. Recebi porque o espaçamento entre uma muda e outra é correto, há a devida quantidade de variedades de mudas, bem como sigo todas as orientações da Embrapa”, ressalta Devanir Ziviani.

Anualmente, produz uma média de 30 toneladas de uvas. O produtor tem uma fazenda de 41 hectares, onde cultiva 3 hectares de uva, 25 hectares de café e o restante é utilizada com a plantação de mudas, que é revendida para outros viticultores e/ou vinicultores plantarem em suas terras e iniciar a produção de uva e vinho. Entre os tipos de viníferas, BRS Violeta, Isabel Precoce, Niágara Rosada, Lorena e a Cabernet Sauvignon.

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