19/11/2007

Fenadador no Ar Extra N° 2

Ouça o Fenadados no Ar Extra com o presidente da Anapar, José Ricardo Sasseron.

13/11/2007

Mercado de microfinanças promove democratização do crédito e inserção social no Brasil

O mercado brasileiro de microfinanças dá sinais de crescimento, sobretudo em função das operações de microcrédito. Apesar de uma movimentação tímida, os números surpreendem. Hoje, as principais iniciativas de concessão de crédito para pequenos empreendedores, até mesmo aqueles no mercado informal, somam cerca de 415 mil clientes. Só este ano, devem conceder mais de R$ 800 milhões em empréstimos, o que representa mais de 1,3 milhões de operações de crédito.

Entre as ações mais importantes, o Banco do Nordeste (BNB) lidera o ranking de concessão de microcrédito produtivo orientado no Brasil e ocupa o segundo lugar na América Latina. Em setembro de 2007, o programa do BNB especifico para microempreendedores, o Crediamigo, tinha 280 mil clientes e uma média diária de 3,2 mil operações. No ano passado, o projeto emprestou R$ 639,6 milhões. Em 10 anos, desembolsou R$ 2,7 bilhões e mais de 700 mil pessoas foram atendidas.

A taxa de crescimento do Crediamigo é de 20% ao ano. Até o final de 2007, espera-se alcançar 300 mil clientes ativos. As expectativas não páram aí. Em 2010, o programa deverá ter 1,5 milhão de beneficiários. “Quando estudávamos as chances de atuar com o microcrédito, havia uma tendência mundial de que essa era uma saída para as pessoas na informalidade. Então, como o Banco dedica-se ao desenvolvimento da região Nordeste, não tivemos dúvida em iniciar este trabalho”, conta Stélio Gama, superintendente de Microfinanças do BNB. O banco de fomento do Nordeste tem agências em 1.986 municípios, situados nos nove Estados nordestinos e no norte de Minas Gerais e do Espírito Santo. Além disso, estão nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri (MG).

A Rede Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos (Ceape) foi o primeiro sistema microfinanceiro do Brasil. Surgiu em 1986 com o apoio de organizações internacionais e para ajudar a mulheres a abrir seu próprio negócio. Hoje, tem quase 47 mil clientes ativos e ainda quer crescer mais. Em 2012, prevê alcançar a marca de 150 mil favorecidos. Está em oito estados – Maranhão, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Paraíba, Goiás e Espírito Santo – e a sua carteira é de R$ 38 milhões.

A rede, que surgiu no Rio Grande do Sul nos anos 1980, está concentrada no Nordeste, sendo o Maranhão um dos estados onde a iniciativa mais cresce. O Real Microcrédito tem 60% de sua carteira em municípios nordestinos e 40% no Sudeste.

De acordo com o presidente da Rede Ceape e do Ceape Paraíba, Sandoval da Mata, o grupo já planeja diversificar seus produtos no mercado de microfinanças. “Queremos dar mais apoio aos microempreendedores, por isso, diversificaremos os nossos produtos investindo no mercado microfinanceiro, e não apenas no microcrédito.”

O Unibanco e o Banco Real não ficaram de fora da tendência de mercado e criaram programas de microcrédito, o Microinvest e o Real Microcrédito, respectivamente. Há quatro anos no mercado, o projeto do Unibanco já emprestou R$ 35 milhões para microempreendedores e as operações de crédito anuais chegam a 14 mil. “O Unibanco vai crescer no mercado de microfinanças em escala, ou seja, na medida em que aperfeiçoarmos o nosso sistema operacional. Neste ano, atingimos bons resultados e a idéia é crescer a partir desse modelo”, explica Eduardo Ferreira, diretor executivo da Microinvest. Além desse programa, o Unibanco tem a Finivest, que também concede créditos para tomadores de baixa renda.

O Real Microcrédito tem uma carteira de R$ 48 milhões e tem cerca de 42 mil clientes. De janeiro a setembro de 2007, a clientela do projeto cresceu quatro vezes. Em 2010, querem ter 500 mil tomadores de crédito. Segundo o diretor presidente do Real Microcrédito, Giovani Anversa, “os modelos internacionais de sucesso são sempre na zona rural. Nenhum dos bancos com tradição em microcrédito tinha experiência em zona urbana. Então, para o Banco Real foi um desafio produzir uma metodologia nova de atuação em grandes centros. Agora nós queremos transformar essa experiência em business”.


Mapa do Microcrédito – A oferta de microcrédito é mais abundante no Nordeste, pois as condições de expansão são mais férteis. Das sete principais iniciativas brasileiras de crédito para micro e pequenos negócios, apenas duas não tem seu mercado principal nessa região. A Microinvest atua nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro e na Grande Porto Alegre. O Banco da Família tem unidades na Serra Catarinense e na Gaúcha. “Lá (Nordeste) se encontra uma quantidade expressiva de empreendedores de baixa renda e é onde a oferta de serviços financeiros tradicionais é mais tímida”, esclarece Manuel Thedim.

A renda média mensal dos tomadores do microcrédito não é alta. No Crediamigo, 31% possuem renda de até R$ 600. Em termos de faixa etária, 58% têm 36 anos, enquanto 18% estão acima dos 50 anos. No quesito escolaridade, 38% têm até quatro anos de estudo formal.

As mulheres são a maioria. Em 2005, 65% da carteira da Ande (???) era composta por empreendedoras. O diretor presidente do Real Microcrédito diz que esse fenômeno se deve a dupla responsabilidade da mulher na família: cuidar dos filhos e da casa e ajudar no orçamento familiar. “Os estudos mostram que o homem vai em busca da segurança, da carteira assinada. A mulher precisa continuar cuidando da casa, criando os filhos e participar do orçamento. Como ela não pode comprometer seu horário, busca atividades empreendedoras, de forma que concilie suas atividades domésticas e profissionais.”

Esse percentual alto de mulheres determina os setores que tomam microcrédito. Entre as principais atividades, comércio, confecção, cosméticos, padarias e bares. No caso da Ande, 85% de sua clientela atua no comércio. Além disso, 90% estão no mercado informal.

Bom Momento - As microfinanças estão passando por uma fase positiva no Brasil. Isso porque há o incentivo governamental, de um lado, e também uma tendência de saturação da oferta de produtos e serviço financeiros para o ápice da pirâmide. “As condições macroeconômicas e do mercado financeiro também apontam para um ambiente onde o custo oportunidade de entrar neste nicho (steps superiores) vai diminuir”, explica Manuel Thedim, diretor executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS).

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2005, quase 100 milhões de brasileiros tem rendimentos mensais de 1 a 10 salários mínimos, se encaixando, portanto, no perfil do público do microcrédito. “As classes C, D e E têm participação mais ativa no mercado brasileiro. E, além disso, as camadas A e B estão bem atendidas hoje, enquanto que para as primeiras esse movimento ainda não ocorreu. Então, as empresas que tiverem uma oferta de valor para esse público, podem alcançar uma equação de resultado muito favorável”, afirma o diretor do Microinvest.

Dessa maneira, os bancos, cooperativas e instituições de microcrédito financeiro (IMFs) se voltam para o mercado de baixa renda, que ainda tem nichos razoáveis de exploração e muita clientela. “Nesse processo de dowscaling, as micros e pequenas empresas devem ser a parte mais atrativa, pois, com a queda das taxas básicas de juros, esse segmento empresarial é o que oferece os maiores spread”, avalia Eli Moreno, consultor da Unidade de Acesso de Serviços Financeiros (Uasf) do SEBRAE Nacional.

O bom momento tem atraído, para o País, financeiras estrangeiras, como a mexicana Finsol, atuando no país desde abril de 2007. O diretor-geral da Finsol Brasil, Marcelo Pinto, diz que o crescimento econômico do Brasil foi decisivo para o investimento no mercado microfinanceiro brasileiro. “O Brasil começou a dar respostas no ponto de vista econômico. Com isso, o mercado internacional enxerga bem o País, que sobe no ranking de investment grade”.

As similaridades entre o Brasil e o México contribuíram definitivamente para a decisão de vir para cá. Além disso, o grupo poderia contribuir com a inserção de nova metodologia no mercado brasileiro. “Se comparado com outros países da América Latina, o Brasil ainda não teve um grande êxito no setor microfinanceiro. A Finsol quer contribuir para a expansão do segmento por meio de uma metodologia focada na forma de atendimento ao cliente e na adequação do produto ao mercado”, fala Marcelo Pinto.

O diretor executivo do IETS reforça os benefícios do fortalecimento do mercado de microfinanças para o País. “O Brasil já experimenta os saldos positivos da expansão do crédito de consumo e imobiliário. Mas, se não houver crescimento significativo da renda dos novos consumidores de crédito, essas linhas comprometem sua renda futura. Enquanto que o crédito produtivo tende a aumentar a renda futura e, portanto, ampliar o consumo futuro. A ênfase em crédito produtivo deve ser guia de qualquer política pública que pretenda dinamizar a economia”.

Incentivos Governamentais - O mercado microfinanceiro tem grande potencial de crescimento, no entanto, depende de ações objetivas que atendam às suas reais necessidades. O governo federal lançou, em 2005, o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO) para incentivar o microempreendedorismo popular e disponibilizar recursos para o microcrédito. Se beneficiam com a Lei 11.110/05, que cria o PNMPO, “pessoas físicas e jurídicas empreendedoras de atividades produtivas de pequeno porte, com renda bruta anual de até R$ 60 mil”, segundo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os recursos são do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e uma parcela do montante dos depósitos à vista destinados ao microcrédito, indicado pelo Art. 1º da Lei no 10.735/03.

As leis 10.735/03 e 11.110/05 contribuíram para que os setores financeiros privados percebessem que era possível lucrar concedendo crédito para camadas mais pobres. “A partir de 2003, a microfinança passou a ser percebida de forma positiva e rentável por atores privados, trazendo, com isso, benefício para a população por meio do acesso ao crédito”, avalia o diretor-geral da Finsol.

Apoio técnico às instituições de microcrédito também está previsto na Lei do PNMPO. O SEBRAE dá justamente este suporte para instituições financeiras que atuam no setor de microfinanças e microcrédito. O objetivo é facilitar a aproximação entre os empreendedores de baixa renda e as IMFs, bancos e cooperativas e incitar a diversificação de produtos e serviços em microfinanças.

A Agência Nacional de Desenvolvimento Microempresarial (Ande), ligada à ONG Visão Mundial, e a Rede Ceape recebem apoio técnico e financeiro do SEBRAE. “O SEBRAE vem nos apoiando há alguns anos. Ajuda-nos a participar de seu programa de editais, com a formação de recursos humanos e a metodologia de microcrédito. E, desde abril de 2006, os seus consultores estão produzindo diagnósticos sobre a Rede, que é fundamental para o nosso planejamento estratégico e, conseqüentemente, para a nossa expansão”, declara Sandoval da Mata.

A Ande é resultado de um projeto de apoio financeiro a microempreendedores da Visão Mundial, o Pró-micro, que teve duração de 10 anos. A criação da Agência, em 2004, tinha o objetivo de expandir a oferta de crédito para a população de baixa renda, sem acesso a linhas de créditos formais, e ter maior independência institucional. Somando o tempo do Pró-micro e os três anos da Ande, a Visão Mundial já emprestou R$ 76 milhões por meio de 65 mil operações. O melhor desempenho da Ong foi nos últimos dois anos, depois que a Ande passou a atuar efetivamente. Alcançou 25 mil movimentações e investiu R$ 29 milhões em empréstimos. Neste ano, a carteira da agência conta com quase 11 mil operações ativas.

A clientela da Agência é assalariada: 45% recebe 1 salário mínimo; e 38% até 3 salários mínimos. A gerente de Administração e Finanças da Ande, Juliana Paz, explica que com o apoio do SEBRAE estudam o lançamento de dois novos produtos para o setor. “Estamos pensando em criar microseguros pessoais, muito populares no resto da América Latina mas pouco difundido no Brasil. Esse produto teria preços acessíveis e seria uma garantia para a família do segurado, em caso de acidente ou morte”.

O SEBRAE quer fortalecer as ações da Rede Ceape e da Ande, diante de suas performances. Por isso, articulou um convênio entre o Banco Popular do Brasil, subsidiária do Banco do Brasil, a Rede e a Agência. A aliança vai expandir os três negócios e diversificar seus produtos e serviços. "Temos a capacidade operacional, o Sebrae tem o conhecimento, o Banco Popular tem recursos e tecnologia. O trabalho conjunto só pode ser frutífero", afirmou Sandoval da Mata à Agência Sebrae.

10/11/2007

Eterna Busca...

"Vamos juntar as coincidências?
Eu quero um amor
E você só quer amar
É assim que a gente se junta
Que tal esta noite ser o meu par?
Mas é tanta pergunta
Pra pouca resposta
Quando a gente está sozinho
Cadê aquela pessoa que a gente tanto gosta?
Mas é tanto amor
Pra pouco espaço
Eu só quero um xodó
bem aqui nos meus braços..."


Felipe Soane

04/11/2007

Informadados e Fenadados no Ar 19

Amigos,

mais uma edição do boletim Informadados e do podcast Fenadados no Ar 19. Acessem: http://www.fenadados.org.br/site/_03528A/newsletter/visu.php?id=1069. A matéria principal em destaque é minha e o texto e locução do Fenadados no Ar também.

Fernanda.