20/12/2007

Governo do Paraná lança medidas para fortalecer mercado estadual do vinho

O Paraná responde por 7% da área plantada de vinhedos no Brasil, cerca de 5,9 mil hectares, segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). As vitivinícolas estão concentradas nas regiões norte, noroeste e oeste do Estado. A produção estadual de vinho ainda não é expressiva e consiste, majoritariamente, na fabricação de vinhos de mesa, pois o cultivo de uvas finas para mesa está consolidado no Estado. Apesar de ter plantações de uvas finas, neste caso, a produção de vinho paranaense surge, em grande medida, como alternativa para o reaproveitamento do excedente da safra.

O governo estadual quer aumentar o volume de vinho produzido por cantinas paranaenses. Neste sentido, em 2007, o governador Roberto Requião, isentou os segmentos da vitivinicultura do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) durante cinco anos. Cerca de 4 mil agricultores, principalmente os familiares, e 70 adegas passam a ser beneficiados com a alíquota zero do ICMS.

A isenção do imposto foi articulada por produtores de uva do município de Toledo, onde a produção de vinho tem recebido investimentos. A Cooperativa Vinícola de Toledo e Região, composta por 30 agricultores, foi a principal articuladora. Segundo o presidente da entidade, Carlinhos Fornari, a produção do vinho é uma alternativa de renda para o agricultor familiar e valoriza o homem do campo. “Um hectare de uva equivale a 30 de soja. Só que em um hectare de uva é necessário cerca de três pessoas, enquanto os 30 de soja precisam de apenas um trabalhador. Então, a produção de uva e vinho promove inserção social no campo”.

O grupo conquistou também apoio municipal, além do estadual, para construir uma cantina colonial, na qual os produtores poderão processar o seu vinho. Mais de R$ 1 milhão estão sendo investidos no projeto. A vinícola ainda não está pronta, mas a inauguração deve acontecer até fevereiro de 2008. Hoje, a cooperativa é responsável pela produção de 70 toneladas de uva, aproximadamente 47 mil pés de videiras plantados numa área de 21 hectares. Com os investimentos, as expectativas são de produzir, em três anos, 560 toneladas/ano. Deste total, 80% serão de vinhos de mesa e 30% de finos.

Vinho premiado - A adega Dezem também está sediada em Toledo. Foi criada há oito anos, apesar da produção de vinhos ser uma tradição familiar. Ocupa uma área de 10 hectares e tem uma produção anual de 100 mil garrafas. Amélio Dezem diz que o pai também era tanoeiro, ou seja, fabricava pipas onde o vinho é armazenado. “Eu cresci debaixo dos parreirais. Então, ter minha própria vinícola era um sonho”, afirma Amélio.

A primeira safra de vinhos Dezem foi lançada há dois anos. A vitivinícola trabalha com 10 variedades de uva, entre elas merlot, cabernet sauvignon, chardonnay e sauvignon Blanc. É a única cantina a ter importado mudas da uva negro amaro, um clone italiano que não é muito conhecido no Brasil. Essa variedade garante uma ampla aceitação do produto nos mercado brasileiro, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, reconhecimentos internacionais da qualidade do vinho produzido pela cantina. Em Bruxelas, conquistaram duas medalhas de ouro: em 2007, no espumante; e, em 2005, no cabernet sauvignon.

Também há focos de produção de vinho nos municípios de Maringá, Marialva e Campo Largo. A Intervin está estabelecida no norte do Paraná. Com 42 hectares de uvas plantadas, produz anualmente 50 mil caixas de vinhos de mesa e fino. A vinícola tem projeto de enoturismo, com visitas programadas à fábrica e degustação. “O casamento da produção de vinho com o enoturismo dá uma sustentação boa para a marca”, explica o diretor Joaquim Toledo. O vinho branco, levemente frisante, é a especialidade da Intervin. “Nós temos obtido sucesso nas uvas de cor, mas a nossa vocação são as viníferas brancas”, diz Joaquim.

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