09/03/2008

Cenário econômico é favorável para reajustes salariais

O ano passado foi o quarto ano consecutivo de crescimento econômico no Brasil. A estimativa para 2007 é de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ultrapasse os 5%. A projeção da economia brasileira se deve ao aumento da atividade econômica e a baixa inflação, abaixo dos 5%. Estes fatores refletem no mercado de trabalho, principalmente nas taxas de emprego e desemprego, explica o economista Clóvis Scherer, do Dieese. “Nós estamos batendo o record de crescimento de emprego formal no Brasil”, afirma Scherer, que é supervisor técnico do escritório da entidade em Brasília.

Este cenário, marcado pelo crescimento do número de empregados e aumentos salariais reais acima da inflação, impulsiona vários setores econômicos. “Há um forte estímulo ao comércio, à indústria e ao setor de serviços, que empregam fortemente”, diz Scherer. O setor de informática é um dos segmentos que estão se beneficiando do panorama econômico brasileiro. O varejo de computadores é um dos que mais cresce no Brasil, o que estimula a procura por mão de obra especializada. Os serviços de tecnologia da informação cresceram 15% em 2005, passando para 15,4% em 2006. A previsão é de crescimento em torno de 14% em 2007.

O crescimento econômico também tem se refletido nas conquistas salariais. Nos últimos anos, os trabalhadores e as trabalhadoras conseguiram, nas negociações salariais coletivas, ganhos reais, ou seja, reajuste salarial acima da inflação. A média dos aumentos nos últimos anos é entre 1% e 3%. O ano de 2006 foi o que teve os maiores reajustes salariais. “O ano passado poderia ter tido resultados melhores que o do ano anterior, senão fosse o pequeno aumento da inflação”, avalia Clóvis.

No caso das estatais, os empregados e empregadas das estatais negociaram ganhos muito bons, além de muitos terem conquistado novos benefícios, plano de cargos e salários, participação nos lucros e resultados. “O balanço das negociações estatais federais de 2007 é extremamente positivo”, comenta Scherer.

Projeções - Segundo o economista, o ambiente é favorável para o reajuste dos salários. “Este ano vem na esteira de 2007, quando houve investimentos e expansão da capacidade produtiva. Então, este dinamismo na economia garante mais um ano favorável”. No entanto, o especialista diz que a pequena alta na inflação somada ao fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) pode afetar as expectativas de melhores reajustes.

Outro fator que pode gerar impasse nas mesas de negociação é exigência de superávit maior nas estatais, feita pelo governo federal. Isso também é efeito do fim da CPMF e objetivo é fazer com que as empresas contribuam com as metas fiscais do governo. “Isso pode ser um componente de limitação das empresas estatais negociarem melhores reajustes”, pondera o economista.