03/10/2007

Perdigão e integrados cumprem com o seu papel ambiental

A Perdigão e os seus criadores integrados estão contribuindo com a preservação do meio ambiente por meio do reaproveitamento dos dejetos suínos em Rio Verde (GO). Os donos das granjas construíram um biodigestor, com apoio da empresa alimentícia e em parceria com a AG Cert. A iniciativa, pioneira no Brasil, é reflexo da preocupação ambiental da Perdigão.

Desde 2005, não só resolveram o problema da destinação dos excrementos e das moscas, como transformam os gases liberados pela biodigestão em créditos de carbono. O líquido resultante do processo da biodegradação é usado com adubo ou transformado em energia elétrica.

Atualmente, 70 criadores de suínos integrados têm biodigestor em suas propriedades. Para ampliar o ganho ambiental, a Perdigão quer aumentar este número. A partir do segundo semestre deste ano, a empresa alimentícia construirá os biodigestores, beneficiando os demais integrados da indústria na região – cerca de 350 granjeiros.

O criador Wilson Miola explica que libera os dejetos dos animais de seus dois núcleos de criação uma vez por dia. A massa de excremento fermenta mais de 20 dias no biodigestor – uma espécie de bolha gigante. Nessa fase é que as bactérias produzem os gases, convertidos em crédito de carbono. Depois disso, um líquido negro é liberado em tanques, conhecidos como lagoas de estabilização, e utilizado como adubo. Miola divide o que produz com o vizinho, pois não tem terreno suficiente para diluir o dejeto.

O Fábio Bellintani Iplinsky, dono de três granjas de terminação (SUT) – fase de engorda do porco –, tem 12 mil suínos em sua propriedade. Com essa quantidade de animais, a produção diária de dejeto é grande. Cada núcleo é responsável por 32 m³. Por ano, a produção varia entre 10 mil e 12 mil m³. O suficiente para adubar mais de 200 hectares de terra. Produz 600 m³ em crédito de carbono, diariamente.

Bellintani, que também tem uma destilaria, mistura o adubo líquido com o bagaço da cana ou vinhaça, líquido produzido durante a safra canavieira, considerado poluente e corrosivo, mas rico em potássio. Segundo ele, o resultado na cultura da cana é excelente. Com a fertirrigação, a vida útil do canavial aumenta em dois anos. “O dejeto é rico em matéria orgânica e fósforo. E a vinhaça tem muito potássio. Então, os dois se complementam”, explica.

Carbono - Além dos benefícios para o ambiente, a biodigestão de excremento suíno acaba com o mau-cheiro e diminui a quantidade de moscas. “A biodigestão melhora o aspecto de limpeza da propriedade. Já não há o cheiro forte da lagoa fermentando, pois a amônia é queimada. Além disso, não há proliferação de moscas, pois a parte sólida não fica mais exposta ao ar-livre, só a parte líquida”, esclarece Wilson Miola.

Por meio de um acordo com a AG Cert, 90% dos recursos gerados com a venda de créditos de carbono são repassados para a empresa, que trouxe a tecnologia para o País. Há um marcador do volume de queima diária de gases, produzidos na fermentação. Cada 100 m³ representa um crédito de carbono, que custa 10 euros. Então, 1,4 mil m³ queimados são 14 créditos, cerca de 140 euros ou cerca de R$ 397.

Esses créditos de carbono são vendidos para países com grandes parques industriais e, portanto, grandes poluidores. Na realidade, são certificados que autorizam as nações compradoras a poluir. Geralmente, são vendidos por países pobres ou em desenvolvimento para nações ricas. Isso permite que as indústrias poluidoras tenham maior flexibilidade na emissão de gases poluentes, como dióxido de enxofre e monóxido de carbono, caso não consigam respeitar a meta de redução de poluição.

Os custos de construção do biodigestor foram absorvidos pela AG Cert, por isso leva um grande percentual do dinheiro obtido com a venda de crédito. No entanto, o coordenador Ambiental e Recursos Energéticos da Perdigão, Fernando Pimenta, alerta que o maior ganho do biodigestor é ambiental. “No início, houve muita especulação. Pensava-se que as pessoas ficariam milionárias com a comercialização desses créditos de carbono. Mas não é bem assim, o benefício ambiental é muito maior”, destaca Pimenta.

O clima estável do cerrado também ajuda o processo de fermentação. Com isso, o período de estocagem do dejeto no biodigestor é de apenas 90 dias. Antes, o excremento ficava fermentando de dois a três meses nas lagoas de estabilização. Agora, o líquido resultante da biodigestão pode ser aplicado diretamente para adubar a terra.

O solo pobre da região também se adaptou bem ao adubo líquido. O coordenador da Perdigão afirma que a terra em Rio Verde precisa muito de nutrientes, por isso a boa adaptação. Além disso, o nível de contaminação é pequeno, pois dificilmente o adubo ultrapassa as camadas superficiais.

As granjas de leitão (SPL) consomem muita energia, pois é preciso manter os filhotes aquecidos. Por isso, o criador Alberto Luiz Menegatt comprou um gerador, que transforma os gases liberados na fermentação em potência elétrica. Com a produção diária de gás, a família consegue alimentar o núcleo de criação e a sua casa. Menegatt diz que a economia é significativa, cortou o gasto pela metade. Cerca de R$ 2 mil.

Nenhum comentário: